CAPÍTULO
06
Raúl:
Sim, se eu não pagar esta
dívida a Rigoberto Carrasco... Ele ficará com todas as nossas
terras. A fazenda está hipotecada!
Valentino:
Mas como foi isso, meu pai?
Raúl:
Há muitos anos eu estava
passando por um grande problema financeiro. Mas não quis dizer à
sua mãe. Então me ocorreu procurar o Rigoberto e lhe pedir dinheiro
emprestado. Ele tão logo exigiu uma garantia: todas as minhas
posses. Eu concordei, porém, com uma condição.
Valentino:
Qual?
Raúl:
A nascente eu lhe cederia 05
anos após a aquisição da dívida. E se em 15 anos eu não pagasse,
eu perderia aquele território.
Valentino:
E a fazenda?
Raúl:
Depois que... eu morrer.
Valentino:
Não papai... eu não vou
permitir que isso aconteça. Vou conseguir esse dinheiro custe o que
custar. E vou recuperar nossas Águas Férteis da Trindade.
(Valentino
sai. Enquanto isso, Cassiano, sozinho no quarto recorda as palavras
do irmão.)
Valentino:
“Vai agora
mesmo esclarecer este mal-entendido com a Julia, Cassiano. Agora!
Vá!”
Cassiano:
Claro,
irmãozinho, eu já vou.
(Cassiano
está saindo de casa, mas ao passar pela sala, Raúl o chama)
Raúl:
Cassiano,
venha cá. Temos que falar.
Cassiano:
Pois
não, papai.
Raúl:
Quero que saiba que não me
agrada este favoritismo excessivo que sua mãe demonstra ter com
você.
Cassiano:
Mas é que não há como fugir
do inevitável...
Raúl:
Inevitável? O que quer dizer
com isso?
Cassiano:
Não se faça, papai. Com
exceção da mamãe, quem mais me valoriza ou me dá atenção?
Raúl:
Do que é que você está
falando, filho? Eu sempre amei os dois por igual...
Cassiano:
Não, não amou... Vocês não
me amam... ninguém aqui me quer! Todos as atenções são para o
Valentino. Ele é o queridinho da casa.
Raúl:
Não diga isso que não é
verdade.
Cassiano:
Sim, é, e sabe disso. E a
maior prova é que você me mandou pra longe. Por 16 anos eu estive
num colégio interno, longe de vocês. Enquanto que o seu amado
esteve aqui, sempre, junto de vocês.
Raúl:
Mas eu fiz isso pra que fosse
alguém na vida!
Cassiano:
Pra você e pra todos eu não
sou nada mais que a sombra do Valentino.
(Cassiano
sai. Raúl desmaia.)
Alma
(chegando): Raúl! Raúl,
querido, necessito que você me dê um dinheiro para comprar... (vê
o marido desmaiado) Raúl! Raúl, querido, acorda! O que que houve?
Fala comigo!!!
Post. Augusto Freire