Adelia:
Eu me
atrasei?
Ana:
O que faz
aqui?
Adelia:
Vim me
despedir pessoalmente do Joaquim. Mas, que pena, ele já foi. O pai
da minha filhinha já foi embora para Lunada, não foi, Ana?
Ana:
Do que é
que você está falando, Adélia?
Adelia:
Primeiro, é
dona Adelia pra você, sua plebeia estúpida. Segundo, me admira que
não saiba ainda do que eu estou falando. Da filha que você vai me
dar.
Ana:
Brincadeira
tem limite.
Adelia:
Me dê a
criança!
Ana:
Nunca!
Adelia:
Então...
aguente as consequências.
(Adelia
entra em casa e digita na máquina de escrever)
Adelia:
Pronto...
agora é só esperar o momento oportuno.
(Ana
vai à casa do padre)
Padre
José Maria: Algum
problema, Ana?
Ana:
Tenho,
padre. Pelo amor de Deus eu tô precisando de proteção.
Padre
José Maria: O
que houve?
Ana:
Eu vou
contar tudo, mas por favor não conte a ninguém, porque nem o
Joaquim sabe.
(Um
mês depois... Ana está em casa, quando tocam a campainha. Ela vai
abrir. É o carteiro.)
Ana:
Obrigada.
(Ana
fecha a porta e vê uma carta de Joaquim. Ela abre, a carta está
datilografada na máquina de escrever e com uma pequena rubrica no
final da página)
Ana:
Querida
Ana, escrevi esta carta unicamente para te dizer que não te amo
mais. A vida aqui em Lunada é muito melhor e você nem imagina, mas
eu me apaixonei de novo. Vou me divorciar de você. Me esqueça. Não
me procure. Será melhor. Siga sua vida. Espero que você se dê bem.
Joaquim.
Ai,
meu Deus, não pode ser... n-não...
(Ana
passa mal e desmaia. Enquanto isso, na casa de Adelia.)
Adelia:
Silas!
Silas:
Pois
não, senhora.
Adelia:
Hoje
é a noite da posse do meu marido, não é?
Silas:
Sim,
senhora.
Adelia:
E
já entregou nos Correios a carta que eu mandei.
Silas:
Sim,
senhora.
Adelia:
E
você sabe o que tem que fazer durante a cerimônia?
Silas:
Sei.
Adelia:
Então,
será hoje, Silas!
(Ana
acorda no hospital.)
Ana:
O
que aconteceu?
Enfermeira:
A
senhora desmaiou e foi trazida pra cá de ambulância.
Ana:
E
quem me achou?
Enfermeira:
Parece
que sua filha mais velha, de 5 anos se assustou e foi correndo chamar
o padrinho dela.
Ana:
Tadinha...
Ela tá aí?
Enfermeira:
Não,
mas o padrinho delas está. E quer vê-la. Entre, seu padre.
Post. Augusto Freire