Cassiano:
O
que aconteceu?
Valentino:
O
papai... morreu.
Cassiano: Que
horror! Onde está mamãe?
Valentino:
Está
no quarto. Tenha paciência, meu irmão. Ela está inconsolável.
(Cassiano
entra no quarto)
Alma: Estou
liquidada, filho. O único que me amava morreu. Que
será de mim?
Cassiano: Não
é verdade e sabe bem. Eu estou aqui e te amo, mamãe.
Alma: Sim,
isso é certo, você sim me ama, sempre me amou. Não como seu irmão
Valentino.
Cassiano: Não
fale isso, mamãe, lembre do papai.
Alma: Ele
está morto. Mas eu tenho você. Você agora toma as rédeas desta
casa, meu filho. Mandará em tudo, tudo. Até mesmo em seu irmão.
Cassiano: Não
deve ser assim, mamãe, nós somos iguais.
Alma: Isso
até seu pai morrer. Agora, eu decido.
(Valentino
está na sala, Julia entra)
Julia: Valentino?
Valentino: O
que quer?
Julia: Soube
que seu pai morreu de repente e... vim aqui para te dar meu apoio.
Valentino: Obrigado.
(Os
dois se abraçam)
Julia: Saiba
que eu nunca desejei mal a você ou a ninguém da sua família.
Valentino: Não
se justifique, Julia. Nós não somos culpados dos erros dos nossos
pais. Apesar de o destino nos forçar a herdar certas... coisas.
Julia: Não
precisamos herdar coisas más... eu pensei bem... e acho que você
tem razão. Devemos encontrar uma forma de tudo fluir melhor entre
nossas famílias.
Valentino: Tem
certas coisas que você não sabe.
Julia: O
amor supera tudo... Perdão, não é o momento adequado... Nos vemos
depois.
(Julia
vai embora. No dia seguinte, durante o enterro de Raúl Pires
Cavalcantti, Rigoberto Carrasco aparece.)
Rigoberto: Perdoem
o atraso. Tive coisas mais IMPORTANTES para fazer.
Valentino: O
que quer aqui, maldito?
Rigoberto: É
assim que me recebe quando venho te dar os pêsames?
Valentino: Nem
que trouxesse dinheiro. DÊ O FORA!
Rigoberto: Não
sabe que o cemitério é público e portanto, o prefeito da cidade
tem todo o direito de estar nele? Além do mais, vim trazer um
presente, para seu pai e para toda sua família. Veja, os documentos
deste túmulo onde acabam de sepultar Raúl são agora a única
propriedade que te restam. Desocupem agora mesmo as minhas terras, já
deve estar sabendo. Eu, por misericórdia, permitirei que vivam...
aqui... junto aos DEFUNTOS!!! FORA DE MINHA FAZENDA!!! JÁ!!!
Post. Augusto Freire