CAIM E ABEL - CAPÍTULO 05

CAPÍTULO 05

Cassiano: Me diz uma coisa, Valentino: o que você tem contra Rigoberto Carrasco?

Valentino: Por que a pergunta?

Cassiano: Ah, você vai rir... Acredita que a filha dele me ameaçou achando que eu era você?

Valentino: E você, o que fez?

Cassiano: Eu achei que ela pensasse...

Valentino: Como assim? Você não fez nada?

Cassiano: Mas foi tão divertido, mano. Acho que a nossa semelhança ainda vai nos proporcionar muitos momentos assim.

Valentino: Mas eu nunca seria capaz disso.

Cassiano: Eu sim. Mas, está certo, Valentino. Não convém que eu brinque com a sua imagem. Afinal, todos te conhecem e eu tenho que ser eu.

Valentino: É bom mesmo... E mais, você vai esclarecer todo o engano com a filha do prefeito.

Cassiano: Tá, já vou.

(Batem na porta)

Valentino: Entra, Marisa.

Alma (entrando): Não é a Marisa, sou eu. Vim aqui dizer que o jantar está servido. Esperamos os dois lá embaixo.

Cassiano: Já vamos descer.

(No jantar)

Alma: E então, Cassianinho, como foi o passeio?

Cassiano: A cidade de Cipozial está um tédio: acho que aqui não vou ter muitas distrações.

Valentino: Eu disse a ele, mamãe que se procurar bem terá com que se divertir.

Alma: Pode ser que agradem a você que é tão insignificante quanto as coisas daqui, mas Cassianinho é um garoto especial e merece diversões feitas unicamente para ele.

Raúl: Chega, Alma! Não permitirei que continue humilhando nosso filho.

Alma (levantando-se da mesa): Estou tratando ele como ele merece. Venha, Cassianinho. Vou lhe mostrar algo que mamãe guardou todos estes anos... e é só pra você!

(Os dois saem.)

Raúl: Não me agrada como sua mãe trata Cassiano. Sempre foi assim. O “favorito de mamãe”! Mas agora está passando dos limites.

Valentino: Deixe estar papai, agora tenho outras coisas com o que me preocupar.

Raúl: Por exemplo?

Valentino: A seca. Queremos que o prefeito ceda para a cidade as águas que são propriedade dele e que ele usa para lazer.

Raúl: Não faça isso, Valentino, por Deus, não faz, eu te peço.

Valentino: Por quê?

Raúl: Ele vai nos jogar na rua. Aquelas águas eram nossas. Mas Rigoberto as tomou como parte de uma dívida que ainda está pendente...

Valentino: Uma dívida?

Raúl: Sim, se eu não pagar... Ele ficará com todas as nossas terras. A fazenda está hipotecada!

Post. Augusto Freire