Rigoberto: Veja, os documentos deste túmulo onde acabam de sepultar Raúl são agora a única propriedade que te restam. Desocupem agora mesmo as minhas terras, já deve estar sabendo. Eu, por misericórdia, permitirei que vivam... aqui... junto aos DEFUNTOS!!! FORA DE MINHA FAZENDA!!! JÁ!!!
(…)
Rigoberto: Eu venci você, Valentino! Eu o venci! Desocupem minhas propriedades agora mesmo e vão para o raio que o parta!
Valentino: Isso nós veremos, Rigoberto. Ainda não me dei por vencido. E mais, creio que tenha um tempo pra recorrer ou mesmo desocupar a fazenda, se for o caso.
Rigoberto: Como prefeito da cidade, eu exijo que saia agora de minhas terras. Imediatamente.
Valentino: Quer apostar?
Rigoberto: Não procure.
Valentino: Então não perca!
Alma: O que vai fazer, meu filho? Vai permitir que nos tirem de nossa casa?
Valentino: Preciso pensar em algo, mas prometo tomar uma atitude, minha mãe.
Alma: É bom.
(Alma sai. O telefone toca. Valentino atende)
Valentino: Sim?
Julia: Valentino, sou eu, a Julia. Estou lhe ligando pra... você não quer dar uma volta, se distrair? Eu lhe faço companhia...
Valentino: Desculpa, mas eu não tô com cabeça pra essas coisas.
Julia: Mas eu imagino que se você ficar em casa será pior pois se lembrará sempre de seu pai. Venha, saia comigo e tenta pensar em outra coisa.
Valentino: Por um lado, você está certa. Onde nos veremos?
Julia: Nas águas férteis da Trindade. Em Meia hora, tudo bem?
Valentino: Sim, sim. Já vou pra lá.
(Valentino desliga o telefone. Cassiano chega)
Cassiano:: Vai sair?
Valentino: Tentar colocar as ideias em ordem...
Cassiano: Posso ir também?
Valentino: Não, fique. A mamãe precisará de você agora. Não vou demorar.
(Enquanto isso, Julia está saindo, Rigoberto a chama)
Rigoberto: Aonde vai, filha?
Julia: Dar um mergulho nas águas férteis da Trindade.
Rigoberto: Como eu me orgulho daquele território. Eu o roubei dos Pires Cavalcantti do mesmo modo como roubarei a fazenda em pouco tempo.
Julia: O senhor não vai fazer isso! O Sr. Raúl acaba de morrer, estão fragilizados! Pra onde irão?
Rigoberto: Pouco me importa!
Julia: Papai, eu lhe peço, que não faça essa maldade. Por mim, papai, não faça isso! Por mim!
Post. Augusto Freire
