CAPÍTULO
5
Ana:
Alô.
Adelia: Oi,
queridinha. Já deve estar sabendo, não é? Foi tudo obra minha. E
posso fazer coisa muito pior se você não for boazinha comigo. O seu
marido não vai encontrar emprego em lugar algum, a menos que você
me entregue a menina. Escolha, Ana Fernandes: este assunto está
agora em suas mãos. Passe muito bem.
(Ana
desliga o telefone e fica atordoada)
Padre
José Maria: Algum
problema?
Ana:
Não, não,
nada!
Padre
José Maria: Quem
era?
Ana:
Não era
ninguém.
(Joaquim
volta)
Joaquim:
Já volto,
amor. Me deseja sorte.
Ana:
Tá bom.
(Joaquim
sai com o padre. Enquanto isso, na Casa de Adélia, o empregado Silas
vem até a sala onde ela está)
Silas:
Mandou me
chamar, senhora?
Adelia:
Mandei.
Preciso que me faça um favor muito especial. Mas tem que ficar em
segredo.
(Ana
está sozinha em casa e sente enjoos. A campainha toca. Ela vai
atender. É Dona Hortênsia, uma das senhoras mais influentes da
cidade)
Ana:
Dona
Hortênsia! Entre! Ainda não pude começar seu vestido, pois estou
meio doente e, sabe, talvez eu esteja...
Hortênsia:
E nem vai
fazer...
Ana:
Como?
Hortênsia:
Nunca mais
vou encomendar nada com você, sua ladra. Então achou que não seria
descoberta, não é mesmo?
Ana:
Eu não sei
do que está falando!
Hortênsia:
Pois eu sei
muito bem. Não só eu, como a cidade toda. E tenha a certeza, que
ninguém mais vai encomendar seus serviços, Ana Fernandes. Ninguém,
sua Larápia!
(Hortênsia
sai e fecha a porta. O telefone toca. Ana atende.)
Ana:
Alô.
Adelia:
Sou eu de
novo.
Ana:
Será que
não cansa de me prejudicar?
Adelia:
Então a
Hortênsia já foi aí!
Ana:
O que você
quer?
Adelia:
Sabe muito
bem: ser mãe.
Ana:
Minhas
filhas não são mercadoria.
Adelia:
Você tem
três filhos e eu não tenho nenhum. Um a menos a você não faria
falta.
Ana:
Faria sim.
Por que, ao contrário de você, eu sou mãe.
Adelia:
Não
esqueça, eu tenho poder pra destruir a sua vida se não me entregar
a criança. Poupe-se esse sofrimento.
Ana:
Não me
importa o que fará comigo, mas nas minhas filhas você não vai
tocar.
(Ana
desliga o telefone)
Adelia:
Veremos se
não.
Post. Augusto Freire