***CAPÍTULO
2 ***
Antonio:
Num fiz nada ainda, mais vô fazer, vô te dá a maió surra da tua
vida que tu vai te arrepender de ter nascido.
Edvirgens:
Não, por favor...
(Quitéria fica na frente da mãe)
Quitéria:
Não! Não bate na minha mãe! Só vai bater nela depois que me
matar!
Antonio:
Marré muito da petulante, mermo... Quem que tu pensa que é pra
enfrentar assim teu pai, hein piveta?
Quitéria:
E quem você acha que é pra bater na minha mãe?
Antonio:
Macho o suficiente!
(Antonio pega a menina nos braços e a joga na cama, avança em
direção à esposa para espancá-la, mas é detido por Getúlio que
lhe dá um soco na cara. Quitéria assiste a tudo chorando)
Antonio:
Você... se astreveu a bater no próprio pai... Um cabra desse num é
meu fí... Arruma tuas trouxa e arreda o pé daqui. Inté nunca mais,
e se algum dia tu me encontrá no mei da rua, num me peça nem a
bênça... até isso eu lhe nego. Eu te deserdo e te amaldiçoo.
Getulio:
Eu vou... com muito gosto. Até nunca mais, Antonio.
(Getulio vai embora de casa levando apenas a roupa do corpo, tenta
abraçar a mãe, mas é detido por Antonio)
Maria
de Lurdes:
Pai, num acha que tá sendo muito duro com ele?
Antonio:
Se tá com pena, rai com ele. A porta tá aberta.
(Maria de Lurdes tenta alcançar o irmão, deixando Antonio sozinho
com Quiteria e Edvirgens, que choram abraçadas.)
Antonio:
E tu, traidora maldita, por tua culpa meus fí tão contra eu. Mas
agora isso tu vai me pagar com choro e sangue.
(Amanhece. Antonio acorda e pega a chave do quarto)
Edvirgens
(acordando): O que está fazendo?
Antonio:
Tô pegando as chaves da camarinha.
Edvirgens:
Pra que?
Antonio:
Pra te trancar aí.
(Edvirgens se levanta e corre para tentar impedí-lo, mas ele é mais
rápido e tranca a porta)
Edvirgens:
Abre, Antonio, abre!
Antonio:
Não! Hoje tu rai ficá aí trancada e sem comer nem beber nada.
Edvirgens:
Não, Antonio.
Antonio:
Isso não é nada. Quando eu pegar a Quitéria, ela vai saber do que
eu sou capaz!
Edvirgens:
Não, Antonio, não! A Quitéria não! Me mata mas não faz mal à
menina!
(Antonio sai da porta e procura por Quitéria. Ela está indo para a
roça. Ao ver o pai vindo em sua direção, a menina se assusta e
começa a fugir, mas é pega pelo pai.)
Antonio:
Peguei você, sua piveta!
(Em casa, Maria de Lurdes escuta os gritos da mãe e vai socorrê-la)
Maria
de Lurdes:
Mãe! O que tá fazendo aí?
Edvirgens:
O
teu pai me trancou aqui.
Maria
de Lurdes:
Calma, mãe, eu vou tentar soltar você!
Edvirgens:
Não,
filha! Vai salvar a tua irmã!
Maria
de Lurdes:
O que foi que aconteceu com a Quitéria?
Edvirgens:
O
teu pai tá perseguindo ela. Eu tenho medo que ele faça uma
besteira!
Maria
de Lurdes:
Tá! Eu já vou!
(Maria de Lurdes sai.)
Edvirgens:
Ai,
minha Santa Quitéria! Ajuda, por favor!
Baseada no Argumento Original de: Francisco Freire Caetano Filho
Post. Augusto Freire
Post. Augusto Freire