***Capítulo
69***
Dona Memê (se ajoelhando): Nãããããooooo!!!!! Pelo
amor de Deus! Se quiser castigar alguém, castigue a mim, mas não toque nos meus
filhos nem no meu neto, por favor! Entenda o meu sofrimento de mãe.
Rosa Maria: Essa! Essa mesma expressão de desespero
que você tem agora, eu devo ter feito naquele dia quando implorava pra você não
me separar da minha família... Você lembra?... Você lembra, Dona Memê?... Você
disse que a gente ia manter contato,... mas depois o que fez?... Diga!... Diga
a todos o que fez depois!
Dona Memê: Eu... sumi com o dinheiro que a De
Lurdes me deu... Depois voltei pra chantagear o seu pai por causa deste segredo
e lhe roubei as terras, daí você veio. Depois de um tempo, eu o procurei de
novo com mais uma chantagem, para que se casasse comigo ou a De Lurdes saberia
toda a verdade.
Rosa Maria: É... foi isso... Mas, anda, implora por
misericórdia... Eu tô esperando!... Vai!
Dona Memê: Eu imploro que pelo amor de Deus, não me
separe dos meus filhos, nem do meu neto, pelo que você mais ama. Eu não sei
viver longe deles. Minha vida não tem sentido.
Rosa Maria: Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Muito bem, dona
Memê. Mas nem com isso paga todo o mal que fez a uma pobre criança indefesa.
Mas aquela criança de outrora cresceu e a únca diferença entre antes e agora é
que você é uma serpente e eu, só era uma inocente menininha. Quanto a você,
Maria de Lurdes, só agora eu percebi que teve a melhor das intenções, pois
sempre soube que eu não iria conseguir me defender de um pai alcóolatra e, que
tipo de educação eu teria naquele meio? Por isso você fez questão de me mandar
pra uma família de bem, caridosa. Os Saboia me receberam de braços abertos e
estavam dispostos a me dar todo o amor e boa educação para que nada me
faltasse. Mas eu não conseguia chamar outra pessoa de mãe a não ser Edvirgens
Garcia, por isso fugi da casa deles e fui parar num convento, onde as freiras
me deram toda educação e me conseguiram a família Parker-Smith, mas problemas
no casamento deles eram tantos que eu não suportei e fugi. De Lurdes, hoje eu
entendo que, se você quis que nos separássemos, foi pra me proteger e não por
falta de amor. Eu tenho coração, irmã. Eu nuca faria o mesmo aos filhos de
vocês. Nem que isso me trouxesse uma aparente paz de espírito, mas roubaria a de
vocês. Posso pedir um abraço?
(Todos se abraçam, menos Dona Memê)
Rosa Maria: Dona Memê, eu lhe peço. Saia de nossas
vidas, de uma vez por todas.
Dona Memê: Não é tão simples, Quitéria. Sou a mãe
da Maria de Lurdes.
Rosa Maria: Não é! Nossa mãe é Edvirgens Garcia,
ela sofreu para nos educar.
Dona Memê: Isso quem diz é a De Lurdes.
Maria de Lurdes: Eu estou muito confusa. É melhor
não nos vermos mais.
Dona Memê: Seja como você quiser. Mas saiba de uma
coisa. Mãe só temos uma.
Maria de Lurdes: E a minha foi Edvirgens Garcia!
Dona Memê: Com licença.
(Dona Memê vai embora.)