PARÓQUIA DE ALCANTARAS FAZENDO SEU PAPEL SOCIAL
A Paróquia de Alcântaras elaborou um relatório sobre a nossa atual conjuntura social de Alcântaras. Vale a pena conferir, neste relatório temos informações fortíssimas, algumas boas e outras bastante ruins, mas que infelizmente é a pura verdade. Lendo este relatório percebemos que Alcântaras precisa melhorar e muito.
Este relatório foi construído pelos mais diversos Agentes Pastorais e Movimentos de dentro da Igreja Católica de Alcântaras, além de pessoas de toda as Capelas de nosso Município, são pessoas que vivem a realidade dia após dia, pessoas que também trabalham nas repartições públicas e cidadão comuns que possuem suas visões críticas. Veja então a visão da Igreja Católica de Alcântaras em relação à realidade alcantarense.
Diocese de Sobral
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Alcântara Ceará
Relatório da Assembleia Paroquial
1- Como
você avalia a problemática da saúde, da violência, da educação e da fome em
nosso Município?
SAÚDE
POSITIVOS:
A saúde melhorou com a implantação dos PSF’s; ultimamente houve uma melhora nas
estruturas físicas das unidades de saúde, como também na qualidade do
atendimento a população. Há profissionais capacitados: médico, enfermeiro,
psicólogo, pediatra, fisioterapeuta, fonoaudióloga; marcação de consultas e
alguns exames, além da realização de exames como: hemogramas e prevenção.
NEGATIVOS: Deixa muito a desejar, pois faltam: médicos especialistas,
medicamentos, transportes, acolhida, acompanhamento e atendimento adequado
(humanização), manutenção nos equipamentos das unidades de saúde, estrutura
adequada, mais investimentos, mais compromisso e responsabilidade dos gestores,
mais tempo de atendimento das equipes dos PSF’s (atualmente tempo corrido).
Parceria da secretaria de saúde com outros órgãos e demais secretarias,
equipamento hospitalar, atendimento especializado ao idoso, campanhas
educativas, médicos de plantão 24 horas, saneamento básico em algumas
localidades, um destino adequado para o lixo. Há muitas pessoas depressivas e
não existe um trabalho de prevenção ou cura; há uma larga fila para marcar ou
realizar consultas médicas, exames ou cirurgias. A assistência odontológica é
precária. É preciso melhorar o trabalho dos agentes de saúde. A rotatividade de
médicos, o longo recesso no final de ano e a distância dos PSF’s têm
dificultado a vida da população. Tem situações que só apelando para o santo de
devoção e esse, resolve. Falta um hospital de fato.
VIOLÊNCIA:
Todos os dias pessoas são violentadas
moralmente e psicologicamente. Os políticos têm motivado a violência entre a
população. Os pais sofrem por não saberem educar os filhos. Há violência
doméstica, já há presença de drogas, não há lei municipal que proíba menor
beber ou usar drogas. Existe caso de pedofilia, prostituição infantil,
desrespeito as leis de trânsito, falta estrutura familiar, maus tratos com
idosos causados por familiares. Já há presença de gangues. Preconceitos,
traições, bullyng nas escolas. Para tirar os jovens do álcool e da drogas. A violência vem crescendo rapidamente,
principalmente a verbal.
FOME:
Embora haja programas nacionais de
combate a fome e a miséria, ainda há pessoas que passam fome em nosso município
e as pessoas que podem ajudar, geralmente fecham os olhos para a realidade. Falta:
emprego, alimentação digna, conscientização para o aproveitamento dos recursos
naturais, cooperativas para o trabalho de reciclagem, estrutura familiar. Há
comodismo e coragem para trabalhar. Em algumas famílias os recursos financeiros
não são bem administrados. Há muitas famílias que sobrevivem do bolsa família.
Há famílias vivendo em situação de extrema pobreza e vulnerabilidade (bairro
Santo Antônio).
EDUCAÇAO:
POSITIVOS: Melhoria na qualidade do
transporte escolar. Mais coordenadores pedagógicos nas escolas. As crianças
estão aprendendo a ler e escrever na idade certa (PAIC) e incentivo aos
professores alfabetizados através de lei municipal.
NEGATIVOS: A escola não trata com
respeito às famílias e realiza poucas reuniões de pais e mestres, o que gera a
falta de orientação aos filhos. Temos uma educação que está engatinhando, pois
se preocupa apenas com a preparação para o mercado de trabalho sem se preocupar
com a formação cidadã e cristã. Falta: compromisso e interesse dos alunos que
não tem perspectivas e não respeitam os professores; respeito ao meio ambiente,
patriotismo, ética, mais valorização aos professores e demais profissionais,
campanhas educativas, compromisso por parte dos gestores municipais. É possível
perceber atos de vandalismos em algumas escolas. Há uma forte intervenção dos
políticos nas escolas o que só tem atrapalhado. Precisa ser repensada
urgentemente a forma de se fazer educação, pois a maioria dos professores não
acredita no papel transformador da escola enquanto instituição de ensino. É
preciso melhorar a qualidade da merenda escolar. Há profissionais
desestimulados e sem qualificação para exercer algumas funções (apadrinhamento
político). Há um alto índice de reprovação e evasão escolar. A escola não está
mais atingindo aos pais a parceria com outras entidades quase não existe.
Professores não são exemplos para os filhos. Os professores não estão educando
para a vida. Quase não se trabalha os valores e princípios humanos. Não há
controle e fiscalização na aplicação dos recursos do governo federal. A gestão
escolar não consegue transformar a escola atual em escolas eficazes e de
sucesso, pois falta até mesmo material escolar e a metodologia se limita ao
livro, quadro e giz. As metas não são claras por isso não são alcançadas.
Faltam medicamentos e materiais para primeiros socorros. A secretaria de
educação não possui uma proposta pedagógica para construir uma educação de
qualidade. O conselho municipal de educação não é atuante, o plano municipal de
educação está vencido, não há plano de carreira para os servidores; não há um
sistema de informatização de gestão escolar que integre a rede municipal de
ensino. Falta uma proposta para erradicar o analfabetismo. As escolas não
oferecem espaços adequados para a educação infantil. Falta uma política para o
atendimento das crianças com necessidades educacionais especiais. Os conselhos
escolares só se reúnem para fazerem a lista de compras e prestação de contas.
Há deficiência de infraestrutura e mobiliares em algumas escolas. Não existem
bibliotecas nas escolas, apenas pequenos ambientes de leitura. Falta um projeto
de incentivo a leitura para disseminar o hábito de ler.
2- Até
que ponto nossa ação pastoral responde evangelicamente aos desafios da
realidade?
As ações pouco têm contribuído para mudar
a realidade frente aos desafios que surgem e ameaçam a vida e a dignidade
humana. Às vezes sendo solidários aos necessitados, realizando campanhas
financeiras e trabalho de conscientização aos jovens, buscando parcerias com
outros órgãos e visitas as famílias que passam por dificuldades. Quando o padre
motiva, as pastorais fazem algo de concreto e as ações acontecem. No geral, as
ações são pensadas, mas não são realizadas, faltando colocar em prática aquilo
que o evangelho nos ensina e diante da realidade atual somos católicos de fé
morta que não ver na pessoa do pobre sofredor, a pessoa de Jesus Cristo. Somos
a Igreja das encíclicas, dos documentos, das reuniões e das formações. Falamos,
discutimos, contudo no que concernem as ações concretas não as percebemos e se
continuamos agindo assim, vamos perder mais fieis para outras religiões.
Estamos longe de atingir concretamente as necessidades do nosso povo. Pouco
temos feito para reverter tais situações, pois como Igreja temos nos preocupado
apenas com a parte espiritual, deixando de lado o social. A comunidade fecha os
olhos para as situações de pobreza. Esquecemos que o projeto é de Deus, basta
dizermos sim, que Ele dará todos os instrumentos necessários para agirmos.
Relatório: Paróquia de Alcântaras
Postagem: Douglas Alcântara