A IGREJA DE 131 ANOS FOI CONDENADA E DEMOLIDA O QUE CAUSOU POLÊMICA E
DIVERGÊNCIAS NA CIDADE
Após o município de Alcântaras-CE, demolir sua igreja matriz que teria 100 anos de existência no dia 03 de novembro de 2010 a situação repetiu-se em Pacujá-CE, cidade de 8 mil habitantes também situada na Região Norte do Estado.
Confira a matéria do Diário do Nordeste:
Com a estrutura condenada, a antiga igreja precisou ser demolida. O que causou divergência na cidade
Pacujá. A centenária (131 anos) Igreja Matriz deste Município foi demolida. O que restou da tradição foram apenas fotos de cartões postais da cidade e a lembrança dos quase seis mil habitantes do lugar. A determinação da demolição da igreja, que tem como padroeiro São João Batista, partiu do padre José Canafístula Gomes, conhecido como padre Berg.
A ação do religioso teve o apoio da comunidade paroquial e o consentimento da Diocese de Sobral. A demolição aconteceu no dia 18 passado. Uma semana depois as obras da nova igreja já começaram. "A Igreja Matriz antiga estava para cair. Não tinha mais condições de ficar em pé. As paredes estavam rachando e havia muita infiltração", disse o padre. O pároco, antes da ordem de demolição, chamou uma equipe de engenheiros para avaliar a estrutura da igreja. "Eles condenaram a estrutura que poderia cair em cima dos fiéis", afirmou ele.
De posse desse laudo, o padre fez uma consulta à comunidade, na Praça da Matriz. Segundo ele, a maioria da população achou ruim a demolição, "mas entendeu que não tinha outro jeito". "Nossa primeira ideia era reformar. Mas os engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Sobral disseram que a reforma não garantiria nada. Por isso, com aperto no coração, fizemos a demolição". A destruição durou menos de duas horas. Antes, o padre tirou tudo que poderia ser reutilizado na nova igreja. "Todas imagens foram preservadas e estão guardadas para a nova igreja", garantiu.
Polêmica
A ação causou polêmica em Pacujá. A aposentada Edith Castro achou a demolição acertada. "Não tinha mais condições. Sei da tradição na nossa cidade. Eu mesmo batizei meus 14 filhos nela. Mas a igrejinha estava para cair". O fiel Urbano Matos, de 65 anos, não só concordou com a demolição, "como já estou ajudando na construção da nova, depositando uma quantia na conta que foi aberta no Banco do Brasil". A conta para depósitos é 6944-2, agência 4381-8, conforme destaca padre Berg.
O evangélico Antônio Flávio afirmou que, "mesmo não sendo católico, achei certa a medida do padre. Os templos para Deus devem ser bonitos e não oferecer risco de morte para os fiéis". A professora Raimunda Nonata de Carvalho considerou a atitude do padre "corajosa". "Ele, mais do que ninguém, sabia dos riscos. E mesmo contra algumas pessoas, teve coragem de demolir a igreja que estava cheia de infiltrações e as paredes soltas". Já o professor de História, Alan Kardec Leopoldino, discorda da demolição. "O padre não tinha a autorização do Instituto Nacional do Patrimônio Cultural. Além disso, outras igrejas com 300, 400 anos em Olinda, Salvador e Goiás, são preservadas sem precisar demolir. O que o padre fez foi apagar em poeira a nossa memória. Perdemos um memória de mais de 130 anos", queixa-se.
Padre Berg contesta a declaração de Leopoldino. "A igreja não era mais original. Não era tombada pelo Patrimônio Histórico. Ela passou por várias intervenções ao longo dos anos. Além do mais, ela estava para cair e a responsabilidade se isso acontecesse era minha", rebate.
De posse de uma maquete eletrônica, padre Berg projeta a futura Igreja de São João Batista. "Queria erguer nosso novo templo em três dias como fez Jesus Cristo. Mas é a nossa comunidade quem vai construir a nova igreja. Uma igreja moderna que vai preservar todas as principais características da antiga com a torre, coro e os traços históricos. Vamos colocar o batistério na frente e uma fachada com três portas", informou.
A nova igreja será maior. Ganhará mais dois metros de largura e mais dois metros de comprimento. Isso proporcionará um anexo com área para a sacristia e para banheiros. A nova igreja terá sua capacidade dobrada. Sai de 32 bancos para 64.
Lauriberto Braga - Repórter
Pacujá. A centenária (131 anos) Igreja Matriz deste Município foi demolida. O que restou da tradição foram apenas fotos de cartões postais da cidade e a lembrança dos quase seis mil habitantes do lugar. A determinação da demolição da igreja, que tem como padroeiro São João Batista, partiu do padre José Canafístula Gomes, conhecido como padre Berg.
A ação do religioso teve o apoio da comunidade paroquial e o consentimento da Diocese de Sobral. A demolição aconteceu no dia 18 passado. Uma semana depois as obras da nova igreja já começaram. "A Igreja Matriz antiga estava para cair. Não tinha mais condições de ficar em pé. As paredes estavam rachando e havia muita infiltração", disse o padre. O pároco, antes da ordem de demolição, chamou uma equipe de engenheiros para avaliar a estrutura da igreja. "Eles condenaram a estrutura que poderia cair em cima dos fiéis", afirmou ele.
De posse desse laudo, o padre fez uma consulta à comunidade, na Praça da Matriz. Segundo ele, a maioria da população achou ruim a demolição, "mas entendeu que não tinha outro jeito". "Nossa primeira ideia era reformar. Mas os engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Sobral disseram que a reforma não garantiria nada. Por isso, com aperto no coração, fizemos a demolição". A destruição durou menos de duas horas. Antes, o padre tirou tudo que poderia ser reutilizado na nova igreja. "Todas imagens foram preservadas e estão guardadas para a nova igreja", garantiu.
Polêmica
A ação causou polêmica em Pacujá. A aposentada Edith Castro achou a demolição acertada. "Não tinha mais condições. Sei da tradição na nossa cidade. Eu mesmo batizei meus 14 filhos nela. Mas a igrejinha estava para cair". O fiel Urbano Matos, de 65 anos, não só concordou com a demolição, "como já estou ajudando na construção da nova, depositando uma quantia na conta que foi aberta no Banco do Brasil". A conta para depósitos é 6944-2, agência 4381-8, conforme destaca padre Berg.
O evangélico Antônio Flávio afirmou que, "mesmo não sendo católico, achei certa a medida do padre. Os templos para Deus devem ser bonitos e não oferecer risco de morte para os fiéis". A professora Raimunda Nonata de Carvalho considerou a atitude do padre "corajosa". "Ele, mais do que ninguém, sabia dos riscos. E mesmo contra algumas pessoas, teve coragem de demolir a igreja que estava cheia de infiltrações e as paredes soltas". Já o professor de História, Alan Kardec Leopoldino, discorda da demolição. "O padre não tinha a autorização do Instituto Nacional do Patrimônio Cultural. Além disso, outras igrejas com 300, 400 anos em Olinda, Salvador e Goiás, são preservadas sem precisar demolir. O que o padre fez foi apagar em poeira a nossa memória. Perdemos um memória de mais de 130 anos", queixa-se.
Padre Berg contesta a declaração de Leopoldino. "A igreja não era mais original. Não era tombada pelo Patrimônio Histórico. Ela passou por várias intervenções ao longo dos anos. Além do mais, ela estava para cair e a responsabilidade se isso acontecesse era minha", rebate.
De posse de uma maquete eletrônica, padre Berg projeta a futura Igreja de São João Batista. "Queria erguer nosso novo templo em três dias como fez Jesus Cristo. Mas é a nossa comunidade quem vai construir a nova igreja. Uma igreja moderna que vai preservar todas as principais características da antiga com a torre, coro e os traços históricos. Vamos colocar o batistério na frente e uma fachada com três portas", informou.
A nova igreja será maior. Ganhará mais dois metros de largura e mais dois metros de comprimento. Isso proporcionará um anexo com área para a sacristia e para banheiros. A nova igreja terá sua capacidade dobrada. Sai de 32 bancos para 64.
Lauriberto Braga - Repórter
do blog:
A vantagem e/ou diferença entre Pacujá e Alcântaras è que a maquete da nova matriz aproxima-se da que foi demolida, o que não aconteceu em Alcântaras, onde a paróquia apresentou a comunidade o designer do projeto final, sem antes consultar a opinião da população sobre o novo modelo da matriz. A nova matriz de Alcântaras será inaugurada em 19 de Outubro de 2011 na abertura dos festejos da padroeira.
Postagem: Francisco Freire
Matéria extraída do DIÁRIO DO NORDESTE