CAPÍTULO 27
Julia: Bem, cunhado, a taça de honra é pra você.
Valentino: Se me permite, gostaria de ceder a honra ao DONO DESTA CASA, VALENTINO PIRES CAVALCANTTI. Vamos lá, QUE ELE PEGUE A PRIMEIRA TAÇA!
(Cassiano hesita.)
Valentino: PEGUE A TAÇA DE VINHO, SENHOR VALENTINO!!!
(Cassiano se aproxima para pegar a taça, mas Valentino segura a mão dele)
Valentino: Valentino, não seja tão descortês! A dama primeiro!
Julia: Obrigada!
Valentino: Agora sim, a visita, que neste caso, sou eu. Posso?
Cassiano: É claro.
(Os três pegam as taças)
Valentino: Bem, pois brindemos.
Todos: Saúde! Tintim!
(Valentino encara Cassiano)
Valentino: Bom, creio que já é tarde…
Julia: Fique mais um pouco, cunhado, por favor… Se quiser, durma aqui!
Valentino: Não! Não! Não! Eu não quero causar mais incômodos… Até logo, irmãozinho.
(Valentino sai.)
Julia: Por que nunca me falou dele?
(No portão, Valentino esbarra em Plácido, SEU FILHO!)
Plácido: Papai? Onde vai com tanta pressa?
Valentino (pensando): “Meu Deus, não pode ser… Esse é o meu filho! Meu filhinho! Está idêntico a mim!”
(Enquanto isso, lá dentro...)
Cassiano: Eu já disse. Cassiano passou a vida num colégio interno e depois foi fazer faculdade no exterior. Quase não tivemos convivência e eu simplesmente ignorava que ele existisse.
Julia: Por que? Era seu irmão.
Cassiano: Porque todos amavam mais ele do que eu. Por isso a educação melhor era pra ele, as melhores roupas pra ele, a melhor comida enfim… Por isso eu gostava tanto quando ele não estava por perto. E pra falar a verdade, eu queria… EU QUERIA QUE O CASSIANO FOSSE EMBORA!!!
(Enquanto isso...)
Plácido: Responde, pai!
Valentino: De onde está vindo?
Plácido: Da REC-Ordem… Imagine só, o vovô Rigoberto foi até lá me ameaçar e disse que eu tinha porque tinha que desistir de todas as minhas causas só porque era ele que tava mandando. Pode? Eu até ri. E sabe… ele veio com uma história que você desistiu de suas ideias revolucionárias por aceitar a lei da vida. Eu não acreditei não. E outra, eu estou pensando seriamente em me candidatar a prefeito. O que o senhor acha?
Valentino (pensando): “Não há dúvida… é mesmo meu filho: tão lutador quanto o pai.”
Plácido: Tô falando, pai! O que achou da idéia de concorrer à Prefeitura com o vovô?
Valentino: Hã? Ah, sim! É uma boa ideia, mas… você já tem vice?
Plácido: E quem mais seria? O senhor, meu grande mestre, meu pai, meu exemplo: VALENTINO PIRES CAVALCANTTI!
Valentino: Eu vou pensar na sua proposta… Depois lhe respondo. Até mais.
Plácido: Espera, aonde vai?
(Valentino sai correndo. Plácido entra em casa e encontra Cassiano)
Cassiano: Olá, filho!
Plácido: Quem é o senhor?
Post. Augusto Freire
