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NOTAS DE UM DESTINO - CAPÍTULO 29

07 fevereiro, 2014


***Capítulo 29***
Rosa Maria: Por que vocês não dão o fora? Agora, Já!
Espoleto: Mulher nenhuma fala assim comigo.
Rosa Maria: É porque eu sou a primeira. Vaza! Se não você vai ver só!
Espoleto: O que é que eu vou ver...
Rosa Maria: Estrelas...
(Rosa Maria acerta uma joelhada entre as pernas de Espoleto, que cai de dor)
Rosa Maria: E agora, mané? Vai me deixar em paz ou eu vou ter que apelar?
Espoleto: Tu ganhou dessa vez, mas isso não vai ficar assim!
(Ele e Aguardente vão embora)
Baluarte: Não devia ter feito isso...
Rosa Maria: E o que você queria? Fala sério, Baluarte!
Baluarte: Não, na boa, mas é que agora sim é que eles vão ficar de marcação contigo... é melhor não marcar bobeira.
Rosa Maria: Acontece que eu não tenho medo daqueles dois zé manés!
Baluarte: Olha lá! Abre o olho! Vê no que se mete, garota. Essa trupe né mole não!
(Amanhece, Baluarte e Rosa Maria vão à porta da Igreja pedir esmolas. Ela toca músicas na gaita e ele faz malabarismos e mágica. Em pouco tempo, muitas pessoas estão olhando o “espetáculo dos dois” e eles arrecadam um bom dinheiro. De longe, são observados por Aguardente e Espoleto)
Espoleto: Tá vendo, Aguardente? Roubaram o nosso território... A gente tem que acabar com isso já!
(Com o dinheiro arrecadado, Rosa Maria e Baluarte compram pão)
Baluarte: Sabe, Rosa... Tava pensando: acho que tu devia seguir a carreira artística, tá se perdendo nas ruas. Já parou pra pensar?
Rosa Maria: Já! E é pela mesma razão que um mago como você não está num circo ou teatro que eu também não sou famosa... Não nasci pra isso...
Baluarte: Desculpa, não quis ofender.
Rosa Maria: Então, para de querer dar palpite na minha vida.
Baluarte: Chega! Pra mim chega, Rosa! Eu não aguento mais essa tua vontade de me engolir vivo. Se tá a fim de fazer alguém chorar, taca pimenta nos olhos e veja como a gente se sente... Vê se é bom fazer os outros sofrerem. Eu só quero te ajudar... Mas se tu quer continuar sozinha como sempre foi então adeus!
Rosa Maria: Pois nem vai fazer falta!
(Baluarte vai embora. Rosa Maria ouve passos de alguém que se aproxima. Ela se vira bruscamente e vê Espoleto e Aguardente armados de cacetes correndo em sua direção. Ela grita. Baluarte volta para protegê-la, se põe na frente e leva uma paulada na cabeça. Com o golpe, ele desmaia.)
Aguardente: Ih! Sujou! Sujou! Dá no pé! Vaza!
(Os moleques fogem. Rosa Maria se abraça em Baluarte e tenta reanimá-lo)
Rosa Maria: Baluarte! Baluarte!
(Baluarte desperta)
Rosa Maria: Por que me defendeu? Mesmo depois de tudo?
Baluarte: Porque eu te amo, Rosa Maria...
(Os dois se beijam)
Rosa Maria: Espera! Isso não tá certo! Lembra que... a gente tem que se separar?
Baluarte: Rosa, eu não posso ver você longe de mim!
Rosa Maria: Pode sim... Até porque, eu não pedi pra arriscar a vida por mim. Eu não pedi nada. Também não pedi esse seu amor idiota!
(Rosa levanta e vai embora)
Rosa Maria: E não me siga!

Post. Augusto Freire
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