***Capítulo
31***
Baluarte: Talvez
nada disso acontecesse se não fosse tão orgulhosa e aceitasse a
minha ajuda!
Rosa
Maria: Ai, você outra vez?
Como você é chato, hein! Por que tá me seguindo? Eu já não disse
que quero ficar sozinha?
Baluarte:
E pra que? Pra se meter em mais
encrencas?
Rosa
Maria: Não me obrigue a ser
ignorante com você ou...
Baluarte:
Ou?
Rosa
Maria: Ou eu vou gritar...
AAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Baluarte:
Vai perder a voz: ninguém
ajuda mendigos. Se enxerga, garota! Você agora é um nada na
sociedade. Não é mais a agricultora de Santa Quitéria que era
protegida pelos seus irmãos.
Rosa
Maria: Não me lembra disso!
Baluarte:
Quando é que vai entender que
aqui na rua é cada um por si e Deus por todos nós? Se tem alguém
que pode te ajudar, esse alguém sou eu!
Rosa
Maria: Mas eu não quero a sua
ajuda... Não quero a ajuda de ninguém! Porque a última vez que me
ofereceram ajuda, me tiraram de casa e me deixaram aqui, largada! Não
quero a ajuda de ninguém! De ninguém!!!
(Rosa Maria sai correndo, ela passa de frente a uma padaria)
Rosa
Maria: Tô com fome...
(Rosa entra e rouba um pão, ela sai correndo)
Dono
da Padaria: Volta aqui, gatuna
infeliz!
(Rosa vai pra baixo de um viaduto e começa e chorar)
Rosa
Maria: Ai, meu Deus! Quanta
fome... Eu devia ter aceitado a ajuda do Baluarte... Eu virei uma
ladrona! Mas eu juro que nunca mais eu vou fazer isso, nunca mais!
(Um carro preto para, dele sai Demétrio Gomes)
Demétrio:
Eu sabia que ia encontrá-la
aqui.
Rosa
Maria: Quem é o senhor?
Demétrio:
Venha comigo...
Rosa
Maria: Aonde?
Demétrio:
Vem, e vai ver! Quitéria
Garcia
Rosa
Maria: Não, não sou Quitéria
Garcia. Ela está morta. Meu nome é Rosa! Rosa Maria! Rosa Maria
Parker-Smith!
Demétrio:
É mesmo? Você jura?
Rosa
Maria: Eu sei o que eu tô
falando... Eu juro!
Demétrio:
Não deveria jurar em vão.
Rosa
Maria: Quem é o senhor? Não o
conheço.
Demétrio:
Me pediram para ajudar você e
transformá-la numa pessoa educada.
Rosa
Maria: Quem?
Demétrio:
Um amigo... Bem, não há tempo
a perder... Quitéria, entre no carro, prepare-se para sua vida de
princesa.
(Quitéria entra no carro, que acelera. De longe Baluarte a observa.)
Baluarte:
Vai nessa, Rosa. Você merece o
melhor.
(Chegam Espoleto e Aguardente)
Espoleto:
Cadê a tua amiguinha?
Baluarte:
Tarde demais, Espoleto. A Rosa
partiu dessa pra melhor!
Post. Augusto Freire