***Capítulo
27***
(Início
da Segunda Temporada)
“Eu
tive uma infância difícil. A gente era agricultor lá em Santa
Quitéria. O meu pai era viciado no álcool e quando bebia ficava
violento. Daí, ele sempre descontava na minha mãe e nos filhos. A
gente nunca estudou. Era direto no trabalho duro da roça. Até
que... uma vez o meu pai bebeu tanto que agrediu a minha mãe, meu
irmão fugiu de casa, e foi tudo muito rápido... minha mãe morreu e
me forçaram a ir embora de casa. Fui morar com uma família rica de
Sobral, mas eu fugi para um convento, onde as freiras me educaram e
tentaram me mandar de volta para o meu pai. Mas não acharam ele.
Daí, eu fui adotada por um casal de americanos, sem saber que eles
eram contrabandistas e estavam com o casamento em crise. Por sete
anos eu aguentei as brigas deles dois. Mas agora chega, eu quero
viver minha vida.”
Rosa
Maria: Bem,
essa é a minha história! E você quem é?
Baluarte:
O
meu nome é Baluarte!
Rosa
Maria: Nome
diferente.
Baluarte:
Na
verdade é nome artístico. Meu nome mesmo é Zé Carlos, mas ninguém
me chama assim. Prefiro ser chamado Baluarte.
Rosa
Maria: Agora
me conta tua história.
Baluarte:
Agora
não... Depois eu conto. Essa melodia da gaita, onde você aprendeu?
Rosa
Maria: No
convento. Irmã Cecília me ensinava música.
Baluarte:
Toca
um pouco mais. Sabe o que você devia fazer? Tocar gaita nas portas
dos bares em troca de comida ou dinheiro.
Rosa
Maria: Baluarte,
como você consegue trocado?
Baluarte:
Assim,
ó!
(Baluarte faz aparecer uma flor detrás dos cabelos cacheados de Rosa
Maria)
Rosa
Maria: Você
é um mágico?
Baluarte:
Mágico
eu? Que é isso? Eu sou um profissional ilusionista errante pelas
ruas desta metrópole. Para servi-la. Aqui está meu cartão.
(Baluarte faz aparecer um cartão)
Rosa
Maria: Obrigada.
(O cartão pega fogo. Rosa Maria se assusta e joga o cartão no chão)
Rosa
Maria: Chega!
Acode aqui!
(O cartão cai no chão e vira um pássaro que sai voando.)
Rosa
Maria: É
inacreditável! Baluarte, você deveria estar num circo!
Baluarte:
Na
rua eu me sinto mais livre.
Rosa
Maria: E
se a você se vestisse de Palhaços e fizesse mágicas ao som da
minha gaita?
Baluarte:
Assim?
(Baluarte pega três pedrinhas e começa a fazer malabarismos. Rosa
Maria começa a tocar “Pé de Serra” na gaita. É quando Baluarte
dá um pulinho e joga as pedras para cima a fim de cabeceá-las)
Rosa
Maria: Cuidado!
(Baluarte cabeceia as três pedrinhas e elas caem no chão. Ele
desmaia com a pancada. Rosa Maria ajoelha no chão para ajudá-la)
Rosa
Maria: Baluarte!
Baluarte! Ai, meu Deus! Que ideia é essa que cabecear as pedras?
Baluarte:
Bu!
Rosa
Maria: Ah!
Que susto! O que deu em você?
Baluarte:
Nada!
Eu transformei as pedras em bolinhas de papel...
Rosa
Maria: Meu
Jesus... Você é incrível!
Baluarte:
Sabe...
Eu gostei de você!
Rosa
Maria: Eu
também...
(Os
dois se beijam)
Post. Augusto Freire