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NOTAS DE UM DESTINO - CAPÍTULO 01

06 janeiro, 2014


***CAPÍTULO 1 ***
(Santa Quitéria, 1980. Na zona rural, afastada da cidade, vive o casal José Antonio e Edvirgens, que vivem da agricultura junto com os três filhos: Getúlio, Maria de Lurdes e a pequena Quitéria de 8 anos. Antonio é alcoólatra e sempre que bebe, chega violento em casa. Uma noite, enquanto todos jantam...)
Getúlio: Mãe, cadê o pai?
Maria de Lurdes: Tu tem fé em Deus, minino? Aquele ali, tão cedo num dá as cara...
Getulio: Quê isso, mãe? Num sô de acordo cum isso não! Aí, nóis trabáia, dá duro nessa terra e o pai gasta tudo na cana?
Edvirgens: Para com isso, vocês dois! Ele é pai de vocês. Inda que teje errado, mais é pai, e vocês lhe deve respeito!
Maria de Lurdes: Ah, sim! Quando muito a gente respeita quem se dá o respeito mais aquele ali...
(Antonio chega em casa embriagado)
Antonio: O que tem eu?
Getulio: Arre, Pai, de fogo de novo?
Antonio: Que tu tem com isso?
Getulio: É que nóis tamo cansado, pai de só ter que trabaiá e trabaiá pro sinhô e óia comé que tu trata nóis!
Antonio: Tu cala essa tua boca... tu e essa tua irmã, a Maria de Lurdes.. eu sô o pai... é eu que mando... mando e desmando... cês rão fazer o que eu quisé e acabou-se a história.
Edvirgens: Quitéria, querida, enta lá pa dento. Rá po seu quarto, rá...
Antonio: Chelaí! Minha fia também... O que eu disser agora, ela tem que ver e escutar. E hoje, como cês se astrevero a me disafiar, ninguém come.
Getulio: Eu nem faço emprenho dessa sua comida pôde a álcool!
Maria de Lurdes: Nem eu!
Edvirgens: Antonio, a Quitéria é uma criança, num pode dormir sem comer...
Antonio: Ela é minha fia igual os ôto. E rai tê castigo igual. Ocê também num coma. Se eu pegar alguém comendo, eu meto os tabefe. Agora, eu rô saí...
Getúlio: Rai enchê a cara o resto da noite?
(Antonio sai e bate a porta. Getulio fica gritando)
Getulio: TRISTE DO PAI QUE AMA MAIS A PINGA DO QUE A FAMÍLIA!
(De madrugada, Quitéria começa a tossir. Edvirgens levanta e vai ver o quer ela tem)
Edvirgens: Ô, minha fia, que que cê tem, hein? (coloca a mão na testa da criança) Ai, minha Santa Quitéria essa minina tá com muita febre... Espera, eu pegar comida pra você.
(Edvirgens pega uma fruta e dá para a menina comer.)
Edvirgens: Tá mió?
Quitéria: Acho que tô.
(Antonio chega)
Antonio: EU TE DISSE QUE TU NUM DESSE COMIDA PRA SEU NINGUÉM NESSA CASA!
Edvirgens: Espera, eu posso explicar...
Antonio: Explicar o que? A tua disobediencia? Que qué passá por cima das minhas ordi, tenha certeza duma coisa, Edvirgens, aqui o homem sou eu.
(Os outros filhos acordam)
Maria de Lurdes: Que foi, mãe? Que gritaria é essa?
Getulio: Que que ele fez com a senhora, mãe?
Antonio: Num fiz nada ainda, mais vô fazer, vô te dá a maió surra da tua vida que tu vai te arrepender de ter nascido.
Edvirgens: Não, por favor...
(Quitéria fica na frente da mãe)
Quitéria: Não! Não bate na minha mãe! Só vai bater nela depois que me matar!

Baseada no Argumento Original de: Francisco Freire Caetano Filho
Post. Augusto Freire
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