CAPÍTULO 32
Plácido: De maneira que a senhora é a nossa ilustre palestrante.
Quitéria Garcia: Sim, sou Quitéria Garcia. E por favor, me chame de você.
Placido: Veio sozinha?
Candy (entrando): Não, com a filha dela.
(Plácido olha Candy, visivelmente a fim da moça, enquanto isso)
Alma: Padre, eu não sei mais o que fazer para ajudá-lo.
Padre Francisco: Isso é uma decisão que só cabe ao Cassiano. Mas eu estive com Valentino.
Alma: Eu também, padre, ele está muito vingativo. Tenho que dizer a verdade a ele.
Padre Francisco: A verdade? Que verdade?
Alma: Valentino sempre me culpou por eu dar mais atenção ao Cassiano que a ele, o que não deixa de ser verdade, mas… mas eu tive meus motivos!
Padre Francisco: Eu não vou julgar você, Alma. Pode confiar em mim.
Alma: Quando os dois eram recém-nascidos… Eu ainda era muito jovem, não entendia direito sobre ser mãe. Naquela tarde, o Raúl tinha viajado a negócios e eu estava entediada, por isso decidi ir cavalgar com as amigas. Pedi as empregadas que cuidassem dos bebês, mas não foi culpa delas. Elas estavam muito ocupadas e não puderam evitar…
Padre Francisco: E o que aconteceu?
Alma: Quando cheguei… me avisaram que… Cassiano tinha caído do bercinho e batido com a cabecinha no chão. Ele ficou desacordado e… por minha culpa… ficou entre a vida e a morte no hospital!
Padre Francisco: Eu não sabia.
Alma: O médico disse que a pancada deixaria sequelas definitivas nele. Cassiano nunca mais foi o mesmo.
Padre Francisco: Então tudo o que você fez foi buscando se redimir? Por isso o mimava tanto?
Alma: Sim, padre, por isso. Mas acabei esquecendo do meu outro filho! E hoje, ele me odeia!
Padre Francisco: Não, Alma. Não odeia. Eu vou falar com ele! Ele vai ter que me ouvir!
(Enquanto isso...)
Placido: Eu fiquei muito interessado na sua história, Quiteria.
Quiteria: E quando será a palestra?
Placido: Este final de semana. Até lá não se preocupe, pagaremos a sua hospedagem.
Quiteria: Você não soube? Estamos de mudança definitiva para cá. Sim, meu marido José Carlos Ximenes quer abrir uma empresa em Cipozial. Aqui tem muitas oportunidades. E viemos todos, já que o meu mandato em Brasília já terminou.
Placido: Sério? Interessante, muito interessante… E uma empresa de que?
Quiteria: Água. Pois eu fiquei sabendo que aqui tem um dos mananciais mais férteis de toda a região: A Trindade. E pretendo vender a água de lá.
Placido: Espere, mas esse manancial é do meu avô.
Quitéria: Ah, ah, ah! Por favor, criança! Não seja tão ingênuo! Em tempos de necessidades não há posses nem propriedades. Tudo é de todos. E já que o mundo é dos espertos, bom… eu vou me aproveitar disso. Anote isso: Vou vender a água do Manancial da Trindade e com isso serei rica! E claro, matarei a sede de quem precisa. Ah, aqui está meu cartão. Digo, para que me ligue confirmando a palestra. Vamos, Candy!
(Quitéria e Candy saem)
Placido: O que acha disso, Rafael?
Rafael: Esta mulher quer guerra.
Placido: Pois ela vai ter.
(Placido liga para Valentino)
Placido: Alô, tio? Sou eu, Placido! Preciso falar com o senhor… Sim, é urgente. Tá, eu espero.
Valentino: Estou indo aí.
(Valentino desliga o telefone. A campainha toca. Ele atende. É o padre)
Padre Francisco: Posso entrar?
Post. Augusto Freire
