(O
Prefeito Semprônio leva seu filho Flúvio à Casa da Família de
Inês)
PAI:
É bom vê-lo, nobre prefeito. O que deseja?
SEMPRÔNIO:
Meu filho Flúvio vem exigir o que é seu por direito. A mão de sua
filha Inês.
PAI:
É que...
(Inês
desce à sala.)
INÊS:
Está tudo certo, meu pai... Eu posso falar-lhes?
PAI:
Claro.
INÊS:
Caro
Flúvio, tu mereces uma donzela que te ame e possa corresponder teus
afetos, pois és um bom moço, um cavalheiro, gentil, atencioso e
amável. Porém, esta não serei eu. Outro me amou antes e é lícito
que eu lhe dê as primícias dos meus afetos.
FLÚVIO:
Que quer dizer?
INÊS:
Sou cristã. Consagrada a Jesus Cristo.
SEMPRÔNIO:
Você é apenas uma menina... Como ousa recusar meu filho? O filho do
prefeito de Roma? Retrate-se! Preste sacrifício à deusa Vesta,
deusa do lar e do fogo!
INÊS:
Se recusei seu filho, que é um homem vivo, como pode pensar que eu
aceite prestar honras a uma estátua que nada significa para mim? Meu
esposo não é desta terra... Sou jovem, é verdade, mas a fé não
se mede pelos anos e sim pelos sentimentos. Deus mede a alma, não a
idade. Quanto aos deuses, podem até ficar furiosos, que eu não os
temo. Meu Deus é amor.
SEMPRÔNIO:
Prendam-na!
(No
tribunal, Semprônio busca o vice-prefeito Aspásio...)
SEMPRÔNIO:
Cuida disso, Aspásio. Não quero me envolver com isso.
ASPÁSIO:
Bem, está certo.
(Aspásio
vai até a ante-sala do tribunal. Fica frente a frente com Inês)
ASPASIO:
Eu, em nome do Prefeito de Roma, a condeno a ser exposta nua num
prostíbulo no Circo Agnolo.
(Ao
ser introduzida no local da desonra, uma luz celestial a protegeu e
ninguém ousou aproximar-se dela. Seus cabelos cresceram
maravilhosamente cobrindo seu corpo. Ao ser defendida por um anjo
guardião, um dos seus lascivos pretendentes caiu morto)
INÊS:
Tende piedade dele, Senhor! Não o castigue assim! Piedade!
(Deus
e o ressuscitou)
TODOS:
Vejam! É um milagre!!!
Post. Augusto Freire